Por uma boa causa! :)

Por uma boa causa! :)
O grupo com as t-shirts relativas ao projecto :)

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Apresentação do Projecto Final

Tivemos dia 29 de Abril a apresentação do projecto que, com tanto esforço temos vindo a realizar ao longo deste ano lectivo.
Os últimos dias antes da apresentação foram muito agitados, havia sempre pormenores a acertar para que tudo ficasse perfeito para o dia de mostrar-mos a toda a escola o que temos vindo a fazer na disciplina de Área de Projecto.
No dia o nervosismo era muito, mas na hora tudo correu naturalmente. O auditório estava cheio e, ao contrário do que seria de esperar, no decorrer da apresentação não houve confusão na plateia, que até se demonstrou bastante interessada no tema que estávamos a tratar.
A apresentação decorreu normalmente, começamos por apresentar o power point com a parte mais clínica, de seguida, a nossa convidada, a Psicóloga Cátia Carvalho da APCVR, apresentou um power point com algumas terapias usadas com os autistas e falou um pouco sobre a relação entre o autista e o terapeuta. Passamos depois à apresentação da Reportagem "Autismo - Viver com a diferença" que captou o publico.
Convidamos ainda Isabel Barbosa, mãe de uma criança com perturbações do espectro do autismo, para que viesse falar um pouco sobre o que mudou na sua vida e como é lidar diariamente com a sua filha Cecília. Infelizmente, e para nossa grande tristeza, não foi possível que ela estivesse presente, no entanto, com toda a gentileza Isabel enviou-nos um vídeo onde dizia estar bastante satisfeita por ter colaborado connosco. Foi este mesmo vídeo que apresentamos já na recta final. Houve ainda tempo para darmos uma pequena "espreitadela" no nosso site e agradecermos por fim a toda a gente que nos ajudou. À UTAD que nos ajudou no nosso site, às instituições que colaboraram connosco, respectivamente a APPACDM, a APPDA, a APCVR, a AMA, a A.A.M.A, ao Lar Militar da Cruz Vermelha e à Piscina o Rego em Lisboa, aos pais que nos deram os seus depoimentos e sem os quais não seria possível realizarmos este trabalho. Demos um especial obrigada à Psicóloga Cátia Carvalho uma vez que, tão em cima da hora, se disponibilizou tão prontamente a vir à nossa apresentação.
E foi assim que terminamos a nossa apresentação. À saída muitos alunos e professores nos vieram dar os parabéns pelo nosso trabalho.
Esperamos sinceramente que tenhamos esclarecido muitas duvidas e que, de alguma forma, tenhamos dado o nosso contributo.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Avaliação médica


A avaliação de uma criança com autismo é a base para a delineação de objectivos e para a intervenção. Para tal é necessária uma equipa multi-disciplinar que abranja todas as áreas necessárias a ter em conta.
Esta avaliação divide-se em 4 componentes:

  • História clínica
  • Exame físico
  • Avaliação neurológica
  • Avaliação do desenvolvimento social e cognitivo e linguagem.

Através destas componentes iremos responder aos objectivos da nossa avaliação, que se centram no diagnóstico definitivo, exclusão de condições que produzam sintomas semelhantes, identificação de co-mobilidades e determinação do nível de funcionalidade da criança. Para tal é necessário verificar todo o desenvolvimento da criança desde o nascimento e a sua história familiar. Sinais de alarme, capacidade de brincar, comportamento ao longo do tempo e regressões são os pontos a ter em conta.
Os exames feitos pela equipa multi-disciplinar comportam:

  • Perímetro cefálico e sua evolução
  • Peso e altura (obsessões e compulsões dietéticas)
  • Pele com lâmpada de Wood (esclerose tuberosa)
  • Características dismórficas
  • Tónus muscular e reflexos (pode haver hipotonia)


Ao fim de um ano, deverá ser feita uma reavaliação para que se possam verificar se houve regressões ou avanços.

terça-feira, 16 de março de 2010

Causas da PEA


Inicialmente pensava-se que o autismo se devia à negligência parental, e outros factores sociais. Actualmente esta causa já não é aceite (Ozonoff & Roggers, 2003). O autismo é descrito como uma perturbação multifactorial, na qual interagem e assumem importância factores genéticos e ambientais. As verdadeiras causas são ainda desconhecidas, contudo, existe um consenso relativamente ao facto de o autismo ser uma perturbação neuropsiquiátrica causada por factores biológicos ainda por definir. Estes factores, combinados com uma vulnerabilidade genética pré-existente na criança dão origem a um anormal desenvolvimento cerebral que se manifesta através das características do Síndrome do Autismo.

Factores Genéticos
A associação de factores genéticos à etiologia do autismo está actualmente bem estabelecida. Já existe consenso na aceitação desta causa, que afecta o desenvolvimento cerebral, o comportamento social e a comunicação, e que leva a interesses restritos e comportamentos repetitivos.
Tal facto é provado pela existência de vários estudos feitos com famílias e gémeos, que permitem demonstrar a elevada influência que estes factores assumem. Por exemplo: A probabilidade de um casal ter um filho com autismo é significativamente aumentada, se estes já possuírem outro filho com a mesma perturbação.
O Síndrome autista é assim considerado uma situação de base genética com uma hereditariedade superior a 90%, e em que existe a interacção de vários genes com o ambiente. (Quinhones-Levy, 2004) As pesquisas efectuadas em diversos ramos da medicina permitem também acreditar que o que realmente é transmitido não é o autismo em si, mas sim uma tendência para o mesmo.
Contudo, e apesar da grande variedade de anomalias genéticas verificadas em indivíduos autistas, a forma como estas afecta o desenvolvimento cerebral ainda não é conhecida.

Factores Ambientais
O número de estudos sobre possibilidades de existirem factores ambientais inerentes ao autismo aumentou. Tem sido sugerida a interacção destes, com factores genéticos, em que, mutações em determinado (s) gene (s) pode gerar uma predisposição para o autismo que será potenciada por factores ambientais (pré, peri e pós natais). Os factores pré natais estudados são: idade materna, doenças da mãe e consumo de drogas durante a gravidez.
Algumas teorias referem também a existência de zonas cerebrais “frágeis”, que quando expostas a agressões como a um vírus, ou a falta de oxigénio, pode determinar o aparecimento da perturbação autista. (Marques, 1998). O citomegalovirus, herpes e HIV têm sido associados ao autismo (Hangerman, 2003).
Actualmente existem poucas evidências que demonstrem um papel primordial dos factores ambientais no desenvolvimento do autismo. (Brock S, et al. 2006).


Bases neurológicas

A maioria dos investigadores concorda que as alterações comportamentais inerentes ao autismo são resultado de uma disfunção no desenvolvimento cerebral, existindo alteração no tamanho, estrutura e bioquímica cerebrais. (Brock S, et al. 2006)
Estudos neurobiológicos permitiram identificar alterações neuroanatómicas e anomalias a nível do lobo temporal, do lobo frontal, do cerebelo, hipocampo, amígdala, corpo caloso, gânglios da base e tronco cerebral. E também uma diminuição significativa da conectividade entre as áreas cerebrais. Por outro lado, estudos feitos através de neuroimagens permitiram observar que ocorre um aumento do tamanho dos ventrículos e um aumento do volume cerebral.
Estudos comprovam a existência de alterações bioquímicas ao nível cerebral em crianças com autismo, cerca de um terço dos pacientes autistas apresentam elevados níveis do neurotransmissor seretonina, contudo não é totalmente conhecida a relação desta com os sintomas do autismo.

As visões correntes sugerem que vários factores interagem para criar as condições necessárias para a expressão da sintomatologia do autismo. A relação destes factores com os sintomas ainda não foi bem estabelecida. No entanto com o avanço das tecnologias, a investigação também evoluirá, de forma a encontrar o caminho para as causas, e para a melhoria do tratamento. Talvez algum dia os conhecimentos ganhos através da investigação poderão ser usados para prevenção, até lá a intervenção será o factor mais importante nesta desordem.

sábado, 6 de março de 2010

Ser Asperger

Estar sozinho no meio da multidão..
Parece que não ouço ...
Que não sinto igual a ti...
Apenas porque estou distraído.
Neste meu mundo fantástico
Não sou capaz de ser fingido.
E não permito uma mentira
Mas eu sou igual a ti.
Olha bem para mim.
Afinal eu estou vivo.
E moro aqui ao pé de ti.

Escrito pela mãe Mina
Dedicado ao Bruno V.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Intervenção da Família

Tanto não Perturbação do Espectro Autista como noutras perturbações, o envolvimento da família é muito importante. Os pais não são apenas aconselhados pelos terapeutas, são co-terapeutas na medida em que participam no processo de delineação dos objectivos da intervenção únicos e específicos para aquela criança.
Estes têm direito de possuir a informação sobre as melhores formas de auxiliarem os seus filhos e de, em conjunto com o terapeuta, perceberem quais são os objectivos mais importantes para a criança. Como tal, devem estar consciencializados que a sua relação com os terapeutas deve ser harmoniosa e de confiança de modo a obterem o melhor para o seu filho.


Estratégias para os pais:

• Brincar com a criança sem comandar a brincadeira(Jelínková)

• Os pais devem explicar aos filhos que só as pessoas ignorantes fazem troça dos deficientes(Jelínková)

• Os pais devem recompensar o filho autista quando faz algo positivo(Jelínková)

• Os pais não devem forçar o filho a realizar actividades/brincadeiras que ele não gosta ou não consegue fazer, para que este não se sinta um falhado(Jelínková)

• Os pais devem interagir e incentivar a criança á realização de actividades da vida diária, como ir levar o lixo, colocar a mesa, tomar banho, vestir-se sozinho etc(Jelínková)
• Os pais devem ser informados de que é normal o seu filho autista não corresponder aos seus sentimentos (Jelínková)

• Devem ensinar a iniciar, manter e terminar uma determinada interacção,
nomeadamente numa conversa (Martins, 2000)

• Devem encorajar a presença de um amigo que brinque com a criança em casa(Martins, 2000)

• Devem inscrever a criança em associações, agremiações, ou clubes, como por exemplo os Escuteiros(Martins, 2000)

• Os pais devem levar o filho autista a passear em locais públicos(Mello)

• Devem organizar actividades em horários pré-fixos por forma a estabelecer uma determinada rotina, como por exemplo, jantar, vestir o pijama, colocar na cama e apagar as luzes(Mello)

• Em algumas actividades do dia a dia, que se tornam rotineiras, a orientação para os pais deve de ser a de fomentar a variabilidade, como por exemplo, mudar o seu local na mesa, variar o canal da TV preferido dele, alterar o caminho para a escola, pois estas não são imutaveis e é bom que aprenda isto desde cedo(Mello).
Pais que tenham outros filhos para além do filho autista:

• Os pais devem explicar aos irmãos saudáveis que o irmão é autista, explicando-lhes o que significa essa deficiencia, evitando que mais tarde estas crianças criem a sua propria definição de autismo(Jelínková).


• Os pais devem reservar pelo menos alguns minutos por dia para falar da criança autista aos irmãos(Jelínková).

• Os pais não devem fazer distinções entre o filho saudável e o filho autista(Jelínková).

• Os pais devem gerir as actividades entre os irmãos para reduzir o insucesso(Jelínková).

• Os irmãos devem brincar juntos para ajudar na interacção social do filho autista (Jelínková).
Programa de intervenção dirigido para casa

O programa dirigido para casa é baseado no modelo de DIR e prevê:

• Interacções espontâneas e desenvolvimentalmente apropriadas

• Interacções semi-estruturadas – resolução de problemas

• Actividades motoras

• Actividades sensoriais

• Actividades visuo-espaciais

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Testemunho da Mãe de Francisco (Dulce Bregas )


~A questão é,quando uma criança é diagnosticada com autismo,deve de imediato ter terapias,e infelizmente isso às vezes não acontece;daí advêm problemas,e vão regredindo até que ficam fechadinhos no seu casulo.O nosso cérebro é um músculo,sendo estimulado e trabalhado evolui,não sendo...bloqueia e adoece.

O Francisco nasceu muito bem,palrou,sentou-se aos 7 meses,gatinhou,e aos 9 meses já andava agarrado aos móveis;aos 11 meses andou sozinho.O único atraso que ele teve foi nos dentes que só apareceram aos 9 meses,daí a alimentação sólida ter ficado para mais tarde.
A partir dos 18 meses reparamos que ele falava sozinho,repetindo reclames ou episódios de desenhos animados,lia matrículas pois já sabia o abecedário todo,e os números até 10.Também aos 18 meses recomeçou a usar chupeta,a ter grandes crises de choro,a comer mal,e nunca deu sinal de largar a fralda.

Até aos 2 anos fui crucificada pela sociedade por ele ser "estranho",seria mimado,preguiçoso e eu má mãe.A fralda teria de saír pois na pré-escola não entrava com ela.Mas foi infrutífero.Não respondia quando lhe chamavam pelo nome,odiava tirar fotografias,era muito sensível à luz,em casa era sereno e dormia muito,na rua tornava-se eléctrico.

Primeiros contactos com psicólogos do centro de saúde foram horríveis,já que o problema seria meu e não dele.
Recorremos então a médicos privados,e a conversa mudou.O nosso sistema de saúde infantil não está de todo preparado para estes meninos,fazem a última coisa que se deve fazer:culpar os pais.

A 1ª consulta com a psicóloga denunciou logo o que o Francisco tinha,era autista e nós éramos bons pais,já que sem saber,o estimulávamos muito,eu era mãe a tempo inteiro,ele tinha jogos didácticos,passeios diários,uma família equilibrada e muito amor.

Comecei então a procura por terapias,começamos pela Hipoterapia(com cavalos),logo ali,o Francisco começou a construir frases completas,criou uma relação mágica com os cavalos.Fomos também encaminhados para uma Associação NECI onde começamos a ter apoio psicológico(pais)e o Francisco a ter terapias fabulosas,gratuítas.

O Francisco tem também uma irmã de 11 anos que foi de muito apoio para ele,mas sofreu um bocadinho no meio deste desespero todo,teve também apoio psicológico.Para ela nada fazia sentido já que o irmão sempre foi assim,porquê agora este drama?

Para mim o diagnóstico foi um alívio,e só fui abaixo passado um mês,e aí chorei muito.
Mas cada pai reage de maneira diferente.Com todas as ajudas que tivemos de terapeutas e principalmente da NECI,aos 3 anos e meio o Francisco começou a largar a fralda,foi inscrito na pré-escola numa sala com uma Educadora também conhecedora das diferenças,pois tinha trabalhado na NECI.Nos 1ºs dias houve muitos descuidos,mas com todo o carinho elas tratavam dele,pois eu era alheia aos direitos de uma criança diferente,mesmo de fralda ele teria direito a frequentar a escola.

Hoje é um Sr. de 4 anos e 3 meses,vai sozinho ao wc,não usa fralda nem de dia nem de noite.Ama animais,daí termos este mês entrado numa aventura maravilhosa de obter uma cadela Golden,que vai ser muito útil em terapias.

O Francisco come pouco e pouca variedade.No mês de Agosto de 2009,não teve terapia alguma e simplesmente ele deixou de comer.Recomeçando as terapias,recomeçou a comer mas menos variedade.Não passa fome,mas aos olhos de pessoas alheias ao autismo ele come "muito mal".Come massinha sem nada,pão,leite,iogurtes,e pizza.Só!Faz análises regulares e cresce muito bem.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O autismo explicado aos mais pequenos!

O que é o autismo?

Existem meninos e meninas que não vêem o mundo como tu. E não estamos a falar de não ver como os cegos, mas sim de não interpretar as coisas como tu fazes, de não conseguir associar alguém a chorar à dor ou tristeza, ou um riso à alegria, de não conseguir comunicar porque não liga as palavras ao que elas querem dizer. Estes meninos são autistas. Se calhar conheces algum ou tens um colega na escola que é autista.



Estes meninos precisam de ajuda para fazer coisas que para ti são simples, não porque não se consigam mexer ou falar, mas porque o cérebro deles não é capaz de processar a informação necessária para fazer estas coisas. Mas existem diversos níveis de autismo, e os meninos com um autismo ligeiro, podem, com ajuda e apoio, aprender a fazer quase tudo e levar uma vida normal.


(este pequeno texto foi retirado do site http://www.inr.pt/content/1/222/que-autismo , é uma excelente maneira de explicar aos mais novos o que é o autismo =) aconselhamos)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Características do Autismo



Uma vez que o nosso vídeo ainda não está pronto, decidimos colocar aqui um pequeno vídeo, que encontramos no youtube, sobre as características do autismo.

Esperemos que gostem :)

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Como se vive com um filho autista?

Ter um filho autista não é algo que se possa prever. Tendo-o, um mundo desconhecido desaba na cabeça dos pais. A vida sucede-se entre barreiras e dificuldades.

 

Marco dá um forte esticão. O técnico acompanha-o como umasombra. Um duplo corpo sobre o menino que foge por entre as árvores. Aos sete anos, tem um físico maior que a idade. É alto, um touro difícil de domar. Parece viver num outro mundo - onde os sons não entram. De regresso à sala do jardim-escola da Trafaria, o rapaz baterá com violência uma cadeira contra o chão. A pequena Mariana, dois anos e meio, assusta-se. Cai. Chora. Todos os técnicos se levantam. As outras crianças seguem serenas. Uma técnica beija e reconforta a menina. Outra desabafa:   - É a primeira vez que a Mariana chora.
Uma reacção é uma festa Mariana chora! Tem uma resposta, uma reacção. O incidente já não será uma lembrança da dificuldade em lidar com Marco - chegado àquela nova sala de Intervenção Terapêutica Intensiva para Autistas, da ABC Real, em Setembro passado. O choro da minúscula Mariana é motivo de comemoração. A reacção de uma criança com autismo é sempre uma festa. Um sinal de que se entrou nesse mundo inacessível, onde vivem. Que se derrubou mais um tijolo do muro que nos impede tantas vezes de comunicar.
Como se vive com um filho 
autista


Fim de intervalo na escola da Trafaria. Cada criança, das seis que frequentam a sala de terapia segundo o método norte-americano ABA (Applied Behavioural Analysis/Análise Comportamental Aplicada), trazido da Califórnia para Portugal por Albertina Marçal, é acompanhada por um técnico.
Um técnico por criança à mesa de trabalho, um técnico por criança à mesa de refeições, um técnico por criança no intervalo.
Meses antes, no Colégio Campo de Flores, na Caparica, onde funciona há cerca de um ano a primeira destas salas, onze crianças pequenas trabalham à frente de uma mesa. É a primeira turma-piloto do ABA em Portugal. Cada técnico português, formado pelos norte-americanos, encarrega-se de desenvolver e trabalhar uma das competências que qualquer outra criança da mesma idade adquire, em regra, sozinha. De 25 em 25 minutos, Marina, responsável pela sala, toca uma sineta. Nesse momento, cada criança é mudada de mesa, como se trabalhasse numa linha de produção de uma fábrica. É meio-dia. O trabalho delas começou às oito da manhã e está a chegar ao fim. Nenhuma, porém, dá sinal de cansaço ou indisposição.
Pais apanhados de surpresa Ao contrário do que aconteceria em qualquer outra sala de aula com crianças da mesma idade, a presença de um estranho, a minha, não é notada. Ninguém me dirige o olhar ou a fala. Sou uma nuvem invisível. Na Caparica. Na Trafaria.
Mas, para que estas crianças chegassem aqui, muito teve de acontecer na vida delas e dos pais. Muito teve de acontecer também na vida de Albertina Marçal, mãe de um adolescente com síndroma de Asperger, fundadora da ABC Real Portuguesa e responsável pela 'importação' deste método.
Foi no momento em que Alexandra e Carlos equacionavam a possibilidade de ter mais um filho que o diagnóstico os apanhou de surpresa. Há muito que a família os alertava para alguns sinais perturbadores no comportamento do filho. Tiago tinha pouco mais de dois anos. Não falava, repetia exaustivamente alguns sons. Ao mesmo tempo balançava as mãos. Não reagia às conversas dos adultos, mesmo quando a voz lhe era dirigida. E, apesar disso, era um menino muito meigo.
Primeiros sinais Durante longo tempo, os pais negaram a possibilidade de o filho ter algum problema. Comparavam o comportamento de Tiago ao seu quando crianças. Até o pediatra, um conhecido médico de Lisboa, dizia, a cada consulta de rotina, que tudo ia bem. Os pais repetiam para si próprios: "Ele tem muito tempo para falar e para fazer o mesmo que as outras crianças". A este pensamento juntavam um facto: Tiago tinha problemas de ouvidos. Uma otite serosa poderia ser a causa do atraso na fala. O médico otorrino concordava e pedia mais tempo.
Mário Relvas, pai de um autista de 21 anos, diz que o filho também lhe parecia surdo. Os primeiros testes, porém, consideram que tem uma audição normal. Aos seis meses, Bruno podia entreter-se durante horas apenas a olhar para as mãos. Uma obsessão que não passava despercebida aos pais.
Catarina Lourenço, mãe de Afonso, 9 anos, e Martim, 8 anos - o primeiro com o diagnóstico de autista e o segundo de Asperger - lembra o que a pediatra então lhe disse: "Não se preocupe. Einstein só falou aos quatro anos". Afonso também era muito meigo. "Muito calmo. Não dava trabalho nenhum", lembra a mãe. As suspeitas dos pais de Afonso começaram quando perceberam que não reagia ao nome. Mas mais uma vez não se tratava de um caso de surdez. O diagnóstico final só veio muitos anos depois. Quando a própria mãe, depois de muitas horas passadas na Internet, decidiu arriscar a pergunta: "Mas é autismo ou não?" Ouviu finalmente um sim do pedopsiquiatra Pedro Caldeira.
Como se vive com um filho 
autista


Afonso deveria ter então quatro ou cinco anos. Catarina diz, porém, que conhece pais a quem lhes foi dito directamente; e que isso, segundo os próprios lhe contaram, também não lhes fez nada bem.
Afonso era acompanhado no Hospital de Santa Maria, desde os dois anos, por uma psicóloga. Até aí impunham-se as palavras "perturbação da comunicação e de relacionamento". Na verdade, os autistas sofrem disso, mas de tantas outras coisas mais. Cada caso é um caso; e o espectro da doença é um leque tão vasto que é difícil definir exactamente o que faz um autista ou não. Uns são meigos, outros violentos. Uns falam, outros não. As variantes são infinitas. Mas têm algo em comum; todos erguem barreiras, dificultam a relação com o mundo.
O diagnóstico, por sua vez, não é fácil de conseguir. Médicos e técnicos têm medo de errar. Porque na verdade também erram, para o bem e para o mal.
Testes atrás de testes Os primeiros testes do Tiago, realizados por uma técnica com experiência, não detectam qualquer problema. Mas as pressões familiares tornam-se maiores. A mãe muda de pediatra. Volta a repetir os testes. Por fim, o diagnóstico chega: "O Tiago tem uma perturbação do espectro de autismo", dirá Rosa Gouveia, pediatra do desenvolvimento, no Hospital CUF Descobertas.
A resposta a todas as dúvidas não sossega ninguém. Pelo contrário. Potencia uma avalancha de questões. E desta vez as respostas são ainda mais difíceis de obter. Se os pais de Tiago, em pleno século XXI, sentiram muitas dificuldades e incompreensões, Mário e a mulher, duas décadas antes, tiveram uma luta ainda maior: "Alguns profissionais de saúde não estão, ainda, devidamente sensibilizados para o autismo", desabafa Mário Relvas.
Calvário de consultas Quando Bruno nasceu, os profissionais sabiam ainda menos. Mas no passado como hoje o processo de compreensão dos pais é quase sempre um verdadeiro calvário de consultas. Os pais de Tiago percebem que ele tem de começar a ser tratado. "Mas como?". Ao mesmo tempo surge outra questão mais íntima, dolorosa e igualmente difícil de colocar: "Porquê?"
Ao contrário de outras doenças, como a Trissomia 21, o autismo não é diagnosticável durante a gestação. Dificilmente se descobre antes dos 18 meses de vida. As causas são multifactoriais, além de que não se consegue saber exactamente quais os elementos determinantes para a criação de um espaço propício à emergência do espectro autista. Os testes genéticos às crianças são importantes. Mas, de modo algum, indicam o caminho a seguir, a forma como a intervenção terapêutica deve ser feita. Tiago, Bruno, Afonso fizeram-nos. Nenhum deles demonstra ter alguma alteração genética, alguma malformação.
Orfãos do Estado e do SNS Entre as poucas certezas que há em relação à doença, a principal é a de que, quanto mais cedo houver intervenção terapêutica ao nível comportamental, melhores são os resultados. Mas nenhum pai está preparado para o que vem a seguir: um mundo de dificuldades, onde se sentem órfãos do Estado e do Sistema Nacional de Saúde.
Nesta fase, também não é raro um dos pais começar a sentir-se um pouco mais culpado, pensando que a carga genética que transporta é a responsável. Mas no íntimo dos dois tudo é posto em causa. Mesmo que não o confessem. A esta fase os especialistas chamam normalmente "luto". E sem o 'luto' cumprido não há como avançar. Ou seja, é imperioso aceitar a situação. Agir rapidamente.
Como se vive com um filho 
autista


Alexandra pede uma consulta de avaliação no Hospital da Estefânia, em Lisboa. Mas a resposta não se afigura imediata. Decide avançar para o sistema privado (gasta 350 euros). A consulta no hospital público só chega cerca de um ano depois. Nessa altura, Tiago já tinha iniciado tratamento. Faz terapia Teacch, outro método norte-americano, terapia da fala e psicomotricidade, no Centro de Desenvolvimento Infantil LogicaMentes, fundado por Cláudia Bandeira de Lima, psicóloga clínica e de desenvolvimento do Hospital de Santa Maria. O programa de quatro horas semanais de Tiago fica em 485 euros mensais. Os pais não recebem qualquer subsídio.
Mário diz que a lacuna ao nível de consultas de diagnóstico do Sistema Nacional de Saúde deixa campo aberto para que alguns privados monopolizem estas intervenções e as seguintes, ou seja, já na fase de acompanhamento, desenvolvimento, terapia.
Os pais informados sabem, porém, o quanto urge agir. A espera pode ter efeitos muito nefastos ao longo de toda a vida do filho; e os estudos existentes são unânimes em considerar que a eficácia do tratamento comportamental é muito maior quando aplicado, de modo intensivo, até aos quatro anos. O cérebro é mais plástico, flexível. Absorve melhor a aprendizagem. Depois todos os avanços são mais lentos. É, de resto, por essa razão que a grande batalha científica nesta área está em encontrar métodos de diagnóstico que possam ser fiáveis na mais tenra idade.
Autismo é prioridade para Obama Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, não é, de resto, alheio a este problema. Tornou o autismo uma prioridade na saúde infantil, e adjudicou 5 mil milhões de dólares à investigação nesta área, faz agora um mês. Os norte-americanos já gastam cerca de 60 mil milhões de dólares por ano nesta doença. Com o crescimento exponencial do número de afectados, que os estudos apontam como certo, julga-se que dentro de dez anos este valor andará entre 200 e 400 mil milhões de dólares. Aquilo que começa a parecer uma epidemia (não apenas norte-americana, embora as estatísticas deste país sejam as mais antigas e fiáveis) é também uma hecatombe económica.
Na fase de 'luto' dos pais deveria iniciar-se a ajuda psicológica. Raramente, porém, são encaminhados para serviços de psicologia pelos técnicos com quem se vão cruzando. Ou decidem avançar por meios próprios, pedindo ajuda ao médico de família, ou se entregam à dor e à alienação, mesmo que ainda não tenham presentes algumas das consequências da doença ao longo da vida. Têm de reaprender a lidar com o filho e com os sentimentos.
Famílias divididas Catarina teve a sorte de ser acompanhada no próprio Hospital de Santa Maria. Alexandra desabafou com a médica de família. Em troca recebeu antidepressivos. Há também quem enfie a cabeça na areia numa tentativa de minimizar a importância da doença do filho. Muitos pais ouvem ainda o que não gostam, mesmo dos familiares ou dos técnicos. Não raras vezes, as famílias dividem-se. Todos têm opiniões, mesmo quando não fizeram nenhum esforço para se informar. O isolamento cresce. O muro é cada vez mais alto. E se os técnicos em geral recusam a ideia de muro, pais como Catarina não têm problema nenhum em assumi-lo. "A minha vida mudou a nível pessoal, social, profissional. É muito duro lidar com tudo isto. Se não encararmos o muro, nunca o vamos resolver. Estou farta do politicamente correcto", desabafa.
Catarina é bailarina da Companhia Nacional de Bailado (CNB). Quando se preparava para estudar outra vez e escolher uma nova profissão - consciente de que a vida de uma bailarina tem 'prazo de validade' -, descobriu que tinha um filho autista. O terceiro filho, Martim, também exigiria tratamento. É Asperger. A sua vida é um colete-de-forças. Não é fácil conciliar os seus horários profissionais e os do marido, seu colega na CNB, com as terapias dos miúdos.
No caso de Tiago, um dos primeiros embates ocorreu na escola, um colégio privado, onde inicialmente todos quiseram ajudar. A polémica surgiria a propósito de um pormenor. Na sala havia um espelho. O espelho provocava-lhe um comportamento repetitivo, uma estereotipia, que se não for correctamente contrariada agrava o autismo. Numa reunião, a mãe e a psicóloga que acompanha a criança pedem à directora da escola e ao psicólogo do colégio para retirarem o espelho. "Tem de se habituar como os outros meninos", foi a resposta taxativa. A psicóloga e a mãe ainda contrapõem: "Mas isso é como pedir a um paraplégico que deixe a cadeira de rodas e ande".
A escola não recua. A mãe ainda ouve: "Já sabemos que ele não vai ser engenheiro profissão do pai, mas ao menos gostaríamos que ele fosse autónomo".
Trabalho a tempo inteiro A ignorância é democrática. E nem os técnicos de educação escapam. Mário, por exemplo, diz que teve muitos problemas a nível profissional, nomeadamente na altura em que era polícia.
Um ano depois do diagnóstico, surge a separação dos pais de Tiago. A situação tornara-se insustentável. Mais uma vez, como em quase toda esta história, os pais de Tiago cumprem estatísticas. "Um autista prende 24 horas sobre 24. Por isso, o cansaço surge e a incompreensão que nos afecta gera algum mal-estar", reconhece Mário.
Catarina e Mário, o pai de Afonso e Martim, continuam juntos após 14 anos de vida em comum. "Somos teimosos", diz Catarina. Albertina e o marido sobreviveram a tudo, mas Albertina não esconde: "Estamos cansados. Ser pai de uma criança destas é um trabalho a tempo inteiro, e isso é reconhecido nos Estados Unidos. Mário, que ainda hoje está casado, confirma que é difícil preservar o casamento: "Deixámos de ter tempo para nós como casal. Não podemos sair à noite, ir jantar fora, não podemos ter um momento para nós".
Os autistas exigem uma rotina muito disciplinada, e podem ser muito exclusivos nas relações. Delas dependem de uma forma extrema. Mário lembra o caso de um filho adulto que morreu apenas algumas semanas depois do pai ter sido internado num hospital.
O importante é não desistir No caso de Bruno, é a mãe que costuma ir buscá-lo à escola desde pequenino: "Se for eu, tenho de o entreter até a mãe chegar a casa, caso contrário gera-se um mal-estar nele que o leva a ficar perturbado e a ter uma alteração radical no comportamento", conta Mário.
Ir a um supermercado, centro comercial ou a um restaurante pode ser um dos maiores desafios para os pais do Bruno. Mas ainda assim não desistem. Quando o conseguem, Mário publica a 'reportagem' no seu blogue(http://aromasdeportugal.blogspot.com). Cada passo é conquistado dia-a-dia. Em adultos, a perturbação é mais difícil de controlar: "Passam a ser adultos com força e voz grossa... e já não são aquelas criancinhas de quem os estranhos diziam 'mal-educados, fazia-lhes falta era um par de tabefes'", continua Mário.
Catarina está a sentir essa fase no filho. "Ontem, partiu a porta da máquina de lavar roupa, queria voltar a vestir a mesma roupa, que eu já tinha posto para lavar". Mudaram o professor de Afonso na escola pública que frequentava. "Ainda fizemos um abaixo-assinado... A referência dele na sala era o professor. Desde o início das aulas que grita todos os dias antes de sair de casa e atira-se para o chão". Não é duro só para ela e para o pai. A irmã mais velha de Afonso, Filipa, tem 14 anos e não escapa ao stresse de que todos sofrem na família.
"A minha filha pensa muito e pensa que, quando for grande, também pode ter um filho assim", continua Catarina. Na altura em que os pais de Tiago se separam, as despesas com o tratamento do filho já representam uma fatia significativa no orçamento familiar. Agora, só em terapias, Tiago custa 800 euros por mês, fora os 430 euros de colégio normal. Até ao momento não tem qualquer subsídio. No ABA, cada criança fica por mil euros/mês, sendo que a ABC Real conta com salas cedidas por instituições e que o pagamento de cada criança se esgota no salário de um técnico e nos materiais. Afonso e Martim pesam 900 euros por mês. Quanto a Bruno, continua dependente dos pais aos 21 anos. Mário diz não saber o que vai ser de Bruno se alguma coisa lhes acontecer.
"Vivemos com uma espada sobre a cabeça", desabafa Mário. Na voz triste percebe-se que está cansadode lutar.
Como se vive com um filho 
autista


Rita Costa, a professora de natação de Afonso (passou um ano com ele aos gritos dentro da piscina até ele aprender a nadar) e também terapeuta de psicomotricidade do Tiago recorda uma história muito triste: "Conheci uma mãe a quem um homeopata convenceu que iria pôr o filho a falar. Gastou imenso dinheiro. Fez imensas viagens. Mas o miúdo nunca falou. Um dia decidiu ter o segundo filho. Dizia que não aguentava a ideia de ter um filho que não lhe chamasse mãe".

 

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O que nos pediria um autista ?

1 - Ordem e estrutura, antecipando o que vai acontecer.
2 - Respeita o meu ritmo. O normal é que eu me desenvolva cada vez mais.

3 - Fala-me pouco e devagar. As palavras em demasia podem ser uma carga muito pesada para mim.
4 - Diz-me, de algum modo, quando consigo executar tarefas bem feitas, mesmo que nem sempre eu consiga. Necessito compartilhar o prazer e o gosto de fazer as coisas bem feitas.
5 - Necessito de mais ordem e mais previsibilidade no nosso convívio. Teremos que negociar os meus rituais para convivermos.
6 - Não permitas que me acomode e permaneça inativo, mesmo sendo difícil compreender o sentido de muitas das coisas que me pedem para fazer. Elas têm que ter um sentido concreto. 7 - Respeita as distâncias que necessito, porém sem me deixar só. As pessoas são, às vezes, demasiadamente imprevisíveis, ruidosas ou estimulantes.
8 - Quando eu me zango ou me magoou; se destruo algo ou me movimento em excesso; quando me é difícil atender ou fazer o que me pedem, não estou a querer prejudicar-te. O que faço não é contra ti. Não me atribuas más intenções!
9 - O meu desenvolvimento não é absurdo, embora não seja fácil de entender. Muitas das condutas são formas de enfrentar o mundo na minha especial forma de ser e perceber.
10 - O meu mundo não é complexo e fechado. Pelo contrário, é aberto, sem dissimulações e mentiras, tão ingenuamente exposto aos demais, que é difícil entrar nele.
11 - Não me peças sempre as mesmas coisas nem me exijas as mesmas rotinas. O autista sou eu, não tu!
12 - Não sou só autista. Sou uma criança, um adolescente, ou um adulto. Compartilho muitas coisas das crianças, adolescentes ou adultos. É aquilo que compartilhamos que nos une.
13 - Vale a pena viver comigo. Podes chegar a um momento da tua vida em que eu, que sou autista, seja a tua maior e melhor companhia.
14 - Não me dês medicamentos em demasia, não preciso deles, apenas necessito do acompanhamento periódico de um especialista.
15 - Ninguém tem culpa das minhas reações e condutas difíceis de compreender. A ideia de "culpa" só produz sofrimentos.
16 - Ajuda-me a ter mais autonomia, mas pede-me só o que posso fazer.
17- Necessito estabilidade e bem estar emocional ao meu redor para estar melhor. Para mim, não é bom que estejas mal e deprimido.
18 - Ajuda-me com naturalidade, sem obsessão. Aproxima-te de mim, porém, deves ter os teus momentos de repouso ou dedica-te às tuas própria atividades.
19 - Aceita-me como sou. A minha situação normalmente melhora, ainda que, no momento, não tenha cura.
20 - A minha vida pode ser satisfatória, se é simples, ordenada e tranquila. Ser autista é um modo de ser, ainda que não seja o normal. Nessa vida, podemos encontrar-nos e compartilhar muitas experiências.
(Adaptação do texto de Angel Rivière, Autism-Spain - Assessor Técnico da APNA - Madrid, 1996.)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

APPACDM


Hoje visitamos as instalações da APPACDM de Sabrosa (Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão com Deficiência Mental) onde fomos recebidas de braços abertos pelo Professor Luís que nos explicou como funcionava a instituição e os métodos utilizados.

A APPACDM é uma instituição Particular de Solidariedade Social sem fins lucrativos que acolhe os indivíduos com deficiências mentais e físicas, o que inclui pessoas com vários “graus” de autismo. A instituição utiliza o método do relacionamento, trabalham o relacionamento pessoal.

Na viagem para lá íamos apreensivas e esperávamos uma coisa diferente, no entanto, para nossa surpresa, fomos muito bem recebidas quer pelo pessoal que lá trabalha quer pelas pessoas que frequentam a instituição. Ficamos impressionadas com as excelentes instalações e impressionadas com a relação de carinho que os profissionais mantêm com os “doentes”. Foi algo que mexeu com o grupo, o amor, o calor, a empatia que pairava no ar.

Vimos também trabalhos feitos por os jovens da APPACDM que nos encantaram, vimos a sala de cerâmica que adoramos, mas ficamos apaixonadas pela sala de relaxamento. Foi como se entrássemos num mundo à parte, com música de fundo, projectores e estrelas (de fibra óptica).

No fim ainda tivemos direito a um momento de convívio, e entre cumprimentos e beijos tivemos um abraço especial de uma menina com deficiência mental. É algo que, sem dúvida, nunca esqueceremos.

Esta visita fez-nos compreender que nós somos apenas vulgares, estes jovens e crianças a que são especiais.

Vamos ter de voltar a Sabrosa para falarmos com a Professora Alice que trabalhou de perto com autistas, e todas estamos ansiosas para lá voltar.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Quem quer ajudar futuros terapeutas?



Foi com grande agrado e com grande satisfação que recebemos um mail da Isabel (mãe da Cecília, menina com Perturbações da Espectro do Autismo, com 8 anos de idade), que está disposta a ajudar-nos a encontrar mais um caso de um menino autista para que possamos filmar e para os respectivos pais darem o seu depoimento.
Fica aqui o post que a Isabel colocou no site  http://autistasdeportugal.ning.com/, nomeadamente http://autistasdeportugal.ning.com/profiles/blogs/quem-quer-ajudar-futuros?xgs=1&xg_source=msg_share_url , onde está expresso o seguinte texto de Isabel :

 Existe um grupo de alunos do 12º ano de uma escola de Vila Real, que vai fazer um trabalho sobre o AUTISMO.


Contactaram-me através da Dra. Rita Costa, da A.A.M.A. - Associação de Actividade Motora Adaptada, coordenadora da natação adaptada, na Piscina do Rego e no Lar Militar da Cruz Vermelha, no Lumiar, em Lisboa.

Solicitaram o meu testemunho como mãe de uma menina com autismo e se autorizaria a filmagem de 1 dia da Cecília, minha filha, de 8 anos, com Autismo. Concordei. Afinal, precisamos cada vez mais de técnicos especializados e vocacionados para trabalhar as crianças e jovens com dificuldades de desenvolvimento.

Nada melhor, do que se apaixonarem pela sua vocação desde muito novos, para se empenharem em estudar a fim de poderem ajudar futuramente, crianças e jovens o mais precocemente possível, a tornarem-se independentes e felizes.

Assim, já decidiram em grupo, descer até Lisboa, nos dias 5, 6 e 7 de Abril (férias da Páscoa).



Perguntam-me, se conheço algum pai ou mãe de um menino com autismo, e de preferência que residam em Lisboa, que também aceite colaborar com eles, neste trabalho escolar.



É neste sentido, que estou a deixar esta mensagem. Será que algum de vós, nestas condições, quererá colaborar com estes jovens produtivos.



A porta-voz deste grupo, 3, é a Sara Novais.

Deixo aqui o endereço deles: grupoapautismo@gmail.com, para dúvidas que vos possam surgir.


Um abraço forte para os graúdos e beijinhos para os miúdos

Isabel Barbosa
 
 
 
 
 
 
 
MUITO OBRIGADA PELA COLABORAÇÃO.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Testemunho de uma irmã

Paula, 18 anos, frequenta o 12º ano, tem um irmão autista 5 anos mais novo.





“Agora admiro a maneira dele ser. Aprendi a ver de outra maneira… aprendi a ver o que há de positivo nele, por exemplo, ele está sempre feliz, para ele nunca há problemas, nunca está mal disposto. Só está mal disposto por causa do computador porque se deixassem ele estava sempre no computador… ele explora os jogos e é muito bom nos jogos… e fala espontaneamente sobre os jogos de computador e de playstation. Ele é impressionante a jogar, … tem muito vocabulário de inglês. Fico espantada como ele sabe tanto e é tão competente no computador. No inglês ele sabe muitas palavras e muito vocabulário, às vezes quando não sei pergunto-lhe mas na conversação ele não consegue, é como no português. Eu penso muito como ele seria se fosse normal… porque ele é uma pessoa muito inteligente mas… se calhar não ia ser uma pessoa tão interessante. Eu tenho uma relação muito especial com este irmão. Eu gosto muito dele porque ele é muito afectivo, dá muitos abraços e muitos beijinhos, e eu gosto disso... Eu dou-lhe mais atenção do que eu aos outros irmãos. É o meu irmão do coração! É como eu digo, o João é o meu príncipe!”

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Aula 21 Janeiro 2010*



Terça fomos buscar os nossos famosos pin's :) Ficaram mesmo bem.
Vamos vende-los assim como t-shirts e porta-chaves no dia das broas (3 de Fevereiro) aqui na escola e também na rua junto das pessoas. Esperamos angariar fundos que vão reverter a favor de instituições de apoio ao autismo.
Além disso amanha vamos também às instalações da APPDA-Norte no Porto, por isso estamos a organizar a viagem. Esperamos obter as informações que necessitamos e ainda gravar alguns depoimentos nessa mesmo instituição.
Esperemos que tudo corra bem!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010







  Durante a última quinta-feira de aulas do 1º Período procedemos à realização dos questionários pela escola, fomos a salas de aulas do 7º, 8º,9º e 10º ano. Tivemos bastante sorte pois todos os professores tiveram a simpatia de nos deixar interromper as suas aulas durante uns minutos e fazermos os questionários. Assim conseguimos realizar ao todo 62 questionários que pretendiam apurar se a comunidade estudantil estava informada acerca da Doença do Autismo.


Os resultados obtidos ficaram dentro das nossas expectativas. As pessoas não estão devidamente informadas relativamente a esta doença, nem sabem como lidar com uma situação destas. Não sabem onde recorrer nem onde pedir ajuda.

Portanto esta será a nossa missão ao logo deste ano lectivo, alertar a comunidade para a existência destas pessoas, pessoas estas que muitas vezes estão mesmo ao nosso lado. Vamos dar o nosso melhor e esperamos que no fim tenhamos ajudado alguém, porque uma pequena mudança pode fazer a diferença ;)

sábado, 9 de janeiro de 2010

AMA

Na passada aula de área de projecto, tentamos contactar várias instituiçoes relacionada com o autismo. Para nossa surpresa, obtivemos resposta da AMA (Associação de amigos do Autismo), que se disponibilizou em nos receber lá com muito gosto.
Esta associação tem como obectivos:
Fazer um levantamento rigoroso dos casos de PEA existentes

Melhorar a qualidade de vida e apoiar o cidadão com PEA, desde a infância à idade adulta
Informar, dar apoio e formação às famílias
Interagir com os Centros Hospitalares nos seus cuidados médicos, colaborar e dinamizar na integração escolar e social
Prestar apoios de Psicologia, Terapia da Fala, Terapia Ocupacional, Serviço Social, às crianças e aos jovens com PEA
Criação de um CAO (Centro de Actividades Ocupacionais) e de uma Residência
Promover a intervenção precoce multidisciplinar de crianças com PEA
Promover a formação de Técnicos, Professores, Educadores, Auxiliares de Educação, Assistentes Sociais, ....
Promover a defesa dos direitos e benefícios dos cidadãos com PEA, assim como a realização de actividades sócio-culturais e recreativas de inserção

Ficamos muito contentes com o facto de pudermos ir até Viana do Castelo conversar com esta associação , que se mostrou disponivel para nos receber.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Quais as Manifestações mais Comuns?


Quais as Manifestações mais Comuns?
1.Isolamento
2.Ausência/alterações ao nível da linguagem
3.Evitamento do contacto visual
4.Desinteresse pelas pessoas e/ou jogos (brincar)
5.Medos pouco usuais
6.Uso inadequado de objectos
7.Resistência a aprendizagem
8.Girar obsessivamente objectos
9.Riso ou choro sem motivo aparente
10.Ausência da consciência do perigo
11.Inconsistência nas respostas aos sons
12.Ligação obsessiva a objectos
13.Rejeição do contacto físico
14.Resistência à mudança
15.Comportamentos e actividades repetitivas e estereotipadas


Isolamento
Crianças com autismo manifestam um aparente alheamento relativamente ao meio, não mostrando interesse no contacto com outras pessoas.

Não interage com outras crianças ou adultos, mas quando interagem fazem-no de forma inadequada.

Ausência/alterações ao nível da linguagem

Cerca de 50% das pessoas com autismo não desenvolvem a linguagem (às vezes este é o primeiro sinal de alarme para os pais).

Os que têm linguagem apresentam alterações significativas, nomeadamente dificuldade ou incapacidade de usar a linguagem na comunicação com o outro. Dificuldade ou incapacidade de falar na primeira pessoa (não dizem o “eu”, referem-se a si próprios na segunda ou terceira pessoa). Respondem repetindo a pergunta ou parte dela (ecolalia). Alterações no tom e ritmo do discurso. Dificuldades na compreensão da linguagem, interpretação no sentido literal, dificuldade em “apanhar o segundo sentido”, p.ex., um comentário do tipo “o ar hoje está pesado” é entendido no sentido literal, ou seja a criança entendeu que o ar pesa – Quilogramas.

Evitamento do contacto visual

Normalmente não estabelece contacto visual directo (olhos nos olhos) com as pessoas e/ou actividades do momento (p.ex., quando pintam não olham para o papel), dependendo mais do olhar periférico “pelo canto do olho”. Por vezes olham o outro mas aparentemente sem o ver (como se fosse Transparente).

Desinteresse pelas pessoas e/ou jogos

Crianças com autismo não têm capacidade espontânea para iniciar um jogo com significado que envolva a imaginação – jogo simbólico, faz de conta. Tendem a envolver-se em actividades repetitivas não interagindo com as outras crianças ou adultos, p.ex., preferem atirar uma bola contra a parede do que para outra pessoa. Preferem brincar sozinhas.

Medos pouco usuais

Crianças com autismo respondem aos estímulos sensoriais (visão, olfacto, tacto, paladar e audição) de maneira pouco previsível, p.ex., estímulos visuais com cores brilhantes podem fascinar algumas e provocar ansiedade ou medo irracional noutros. Estas crianças têm dificuldade em regular os estímulos sensoriais.

Uso inadequado de objectos

Crianças com autismo parecem fascinadas por partes de brinquedos, como as rodas de um carro, não mostrando interesse pelo brinquedo em si.

Com frequência desenvolvem uma ligação obsessiva com determinados objectos, podendo a perda destes causar um estado de grandes ansiedade e excitação.

Resistência a aprendizagem

Crianças com autismo têm grandes défices na área da comunicação, isto é dificuldades em compreender tanto as instruções verbais como não verbais, (gestos, mímica, expressões faciais, etc.)

Parecem mostrar pouco interesse e rejeitar as tentativas de aprendizagem, especialmente quando não há uma recompensa imediata.

Girar obsessivamente objectos

Objectos redondos e susceptíveis de poderem rodar produzem uma enorme atracção, p.ex., colocam um carro de perna para o ar e fazem rodar incessantemente as rodas.

Riso ou choro sem motivo aparente

Crianças com autismo podem rir, chorar ou gritar em situações inapropriadas e sem motivo aparente, p.ex., riem-se quando alguém grita ou ficam com medo quando alguém ri.

Em algumas crianças estas atitudes desajustadas prolongam-se criando situações de grande ansiedade, tanto para elas como para os pais.

Ausência da consciência do perigo

Ausência de receio de perigos reais e medo irracional de situações comuns. Isto poderá ser consequência da falta de compreensão das situações ou seja, não estabelecem a correlação entre causa e efeito.

Inconsistência nas respostas aos sons

Crianças com autismo podem ignorar sons altos e reagir a um murmúrio ou ao roçar das folhas de papel.

Em muitas circunstâncias poderá parecer que têm problemas de audição (surge então a hipótese da surdez).

Ligação obsessiva a objectos

Muitas crianças com autismo estabelecem ligações bizarras a certos objectos ou a partes de objectos, como pedras, peças de brinquedos, etc. Poderão ficar fascinados por objectos que produzam som (copos, campainhas, …). Os objectos são muitas vezes seleccionados por uma característica particular (cor, textura e forma) e são transportados para toda a parte. Ficam tensas ou mesmo em pânico se alguém pretende tirar-lhos.

Rejeição do contacto físico

Muitas crianças com autismo podem resistir ou mostrar desagrado a serem pegadas ou tocadas. Não é raro os pais dizerem “ele estava tão feliz quando estava sozinho, mas começou a gritar e a chorar quando o peguei ao colo”. Muitas crianças não exibem movimentos de antecipação para serem pegadas ao colo, adoptando a 2postura de boneco”. Com frequência, mesmo em situações geradoras de stress, não procuram o necessário conforto, ajuda ou segurança junto de adultos ou de outras crianças. A sua capacidade em mostrar empatia é invariavelmente deficiente, traduz-se numa perturbação da interacção social e dificuldades no estabelecimento de relações de amizade.

Resistência à mudança

Com muita frequência estas crianças aderem de forma inflexível a determinadas rotinas, geralmente não funcionais, e que assumem uma forma doentia, p.ex. quando vão para a escola têm de ir sempre pelo mesmo caminho e para se vestirem têm de seguir uma determinada sequência.

Há uma intolerância às mudanças de ambiente (pequenas mudanças verificadas no quarto poderão produzir uma grande irritabilidade).

As crianças com autismo sentem-se mais seguras e confortáveis em ambientes estruturados e previsíveis. Qualquer alteração ou desvio à rotina não planeada podem causar ansiedade e conduzir a comportamentos bizarros ou a um estado de extremo stress.

Comportamentos e actividades repetitivas e estereotipadas

Tendência a manterem-se em actividades repetitivas, estereotipadas e rotineiras. Podem tratar-se de rotinas simples ou extremamente complexas, p.ex., bater em superfícies, balancear, cheirar pessoas e coisas, abanar os braços, torcer os dedos, com os braços flectidos fazer batimentos repetitivos das mãos, coleccionar os mais diversos objectos/partes de objectos/lixos, alinhar objectos, etc.